Quando se fala em automação predial, as ideias que vem à mente geralmente estão associadas com aplicações voltadas para o mercado residencial. O que faz sentido considerando o grande volume de soluções ofertadas com foco em residências, especialmente as de alto padrão. Essa associação acaba fazendo com que a automação predial seja considerada um benefício secundário ou um luxo desnecessário, afastando seu uso em qualquer tipo de edificação. Afinal, escritórios, escolas, restaurantes, lojas, e outras construções precisam ser práticas e econômicas, e não faria sentido a despesa com uma simples comodidade. Mas a verdade é que automatizar uma edificação vai muito além do supérfluo, e oferece recursos importantes para criar ambientes que sejam verdadeiramente inteligentes e eficientes. Neste artigo foram selecionadas 4 razões pelas quais vale a pena sim investir em automação predial.
Conforme PROCEL Edifica¹, estima-se que existe um potencial de economia de energia elétrica de 50% para novas construções e de 30% para aquelas que passarem por reformas com foco na redução do consumo. Esses são valores bastante expressivos, especialmente considerando o aumento constante dos custos envolvendo energia elétrica. E a automação é uma ferramenta poderosa em favor da eficiência energética. As aplicações mais simples são aquelas que evitam que equipamentos permaneçam ligados sem necessidade, como, por exemplo, desligando automaticamente as luzes de um ambiente quando este for desocupado. Apesar da simplicidade, pode gerar uma economia substancial de energia, conforme o perfil de uso da edificação. Outro sistema que possui grande impacto sobre o consumo de energia é o de climatização, e ele oferece uma grande variedade de oportunidades para ser otimizado através da automação.
A automação pode ser usada também para criar estratégias mais complexas, combinando algoritmos, redes de sensores e as informações fornecidas pelos sistemas. Esses algoritmos permitem interpretar os dados coletados do ambiente e selecionar o ponto ótimo de operação para os equipamentos. Isso significa, por exemplo, selecionar o setpoint ideal para o ar-condicionado, ou o melhor momento para ligar determinados aparelhos. Essa coleta de dados também promove a eficiência energética através das informações que fornece para a administração e manutenção do prédio. É possível, dessa forma, identificar equipamentos defeituosos ou ineficientes, e ter mais embasamento para planejar, e, inclusive, simular, estratégias para reduzir as despesas com energia elétrica.
Economia de recursos:
Água é outro importante recurso consumido em uma edificação, e existem diversas estratégias para otimizar seu consumo e reduzir o desperdício. Em sistemas de reciclagem de água e aproveitamento da água da chuva, a automação possui um papel importante no controle dos níveis dos reservatórios e operação das bombas, filtros e outros componentes. Na irrigação, evitam-se desperdícios através da seleção dos horários mais adequados de funcionamento, evitando os períodos mais quentes em que grandes quantidades de água podem ser perdidas por evaporação. Também podem ser utilizados sensores que monitoram a umidade do solo, permitindo que o sistema de irrigação seja utilizado apenas quando necessário. Nos sistemas hidráulicos em geral, sensores distribuídos pelas instalações permitem a detecção precoce de vazamentos e outros possíveis problemas.
O uso de geradores é comum em construções de maior porte, sendo utilizados tanto como uma fonte reserva de energia elétrica, quanto para evitar os custos elevados da energia nos horários de ponta. Em qualquer dos casos, a automação pode auxiliar na redução do consumo de combustível, evitando que sistemas e equipamentos não essenciais permaneçam ligados durante a sua operação. Outro exemplo é a redução de consumo com gás GLP, que pode ser obtida pela detecção rápida de pontos de vazamento ou através da operação mais eficiente dos equipamentos que utilizam esse recurso. É possível até mesmo reduzir a utilização de produtos de limpeza através do monitoramento de ocupação dos ambientes. Com essas informações de ocupação é possível criar cronogramas mais eficientes para as limpezas, evitando que sejam realizadas nos espaços que não foram utilizados.
Na maioria dos casos, prédios são construídos para serem utilizados por pessoas, e é fundamental que estas se sintam bem em seu interior. Mas, além de ser um pré-requisito para as edificações, o conforto também resulta em benefícios que são bastante evidentes, ainda que difíceis de colocar em número absolutos. Em lojas, por exemplo, um ambiente confortável produz clientes mais satisfeitos, o que, por sua vez, aumenta o volume das vendas. Em restaurantes, o conforto ambiental cria uma melhor experiência, que certamente se traduz em indicações e futuras visitas. Nos ambientes de trabalho, como indústrias e escritórios, a preocupação com a qualidade e conforto dos espaços produz impactos expressivos na produtividade dos seus ocupantes.
As variáveis que possuem mais impacto na percepção de conforto em um espaço são geralmente aquelas que passam despercebidas: iluminação, temperatura, qualidade do ar, etc. Todas estas têm seu desempenho substancialmente incrementado quando automatizadas. A automação permite que o modo de operação dos sistemas se ajuste às condições ambientais, tanto as internas quanto as externas à edificação. É assim possível controlar a iluminação interna de acordo com as variações da iluminação natural, ajustar a temperatura do ar-condicionado conforme as estações do ano ou o volume da ventilação conforme a quantidade de pessoas no ambiente. O conforto também aparece na operação desses sistemas, que, através da automação, fica mais simples e prático. Ou seja, o conforto não é uma exclusividade dos ocupantes e beneficia também os operadores.
Mais segurança:
Em se tratando de automação predial, o conceito de segurança vai além do monitoramento de pessoas, ou de impedir o acesso indevido à determinados locais. Claro que sistemas de CFTV, alarme e controle de acesso são fundamentais em uma construção. Inclusive, existem diversos benefícios em que esses sistemas sejam integrados à automação do local. Principalmente no que se refere a facilidade de uso e visualização dos eventos, mantendo tudo em uma única interface. Mas outro ponto fundamental no que se refere a segurança predial é a prevenção de acidentes.
Sensores são um dos principais componentes de um sistema de automação, pois permitem capturar as informações dos ambientes. E é justamente através dos sensores que a segurança de uma edificação é aprimorada. É possível monitorar a concentração de gases tóxicos, detectar vazamentos e identificar condições ambientais de risco. É possível também identificar falhas em equipamentos ou sistemas que possam ser fontes potenciais de acidentes, como problemas nas instalações elétricas. Esses acidentes podem afetar não apenas as pessoas (quedas, choques elétricos, etc.), mas também produtos e equipamentos. É o caso, por exemplo, dos Data Centers (proteção dos equipamentos) e estoques (proteção dos produtos). Como existe uma coleta constante de informações que são apresentadas em uma interface única, fica fácil a visualização de qualquer situação potencialmente perigosa, permitindo que estas sejam resolvidas rapidamente.
A automação é uma ferramenta poderosa e bastante versátil para aprimorar o funcionamento das edificações. Os exemplos apresentados aqui não esgotam as possibilidades, mas permitem identificar alguns dos benefícios que podem ser obtidos através da implantação dessa tecnologia. Cada construção possui necessidades únicas, e é necessário avaliar cada caso para identificar quais as soluções mais adequadas. O principal ponto é que existe uma grande variedade de demandas e oportunidades que podem se beneficiar da automação predial. Este é, portanto, um investimento importante e que vai muito além de uma simples comodidade.
¹ PROCEL EDIFICA - Eficiência Energética nas Edificações
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